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Le Corbusier visitou Maiorca em 1932 e registou as suas impressões no Carnet C10, cujas páginas foram mote para a conferência “Dibujos en un Cuaderno”, de Xavier Monteys, integrada no ciclo “Aulas de Autor – Le Corbusier e o Desenho”, promovido pelo CEAU-FAUP e a Fondation Le Corbusier. O conjunto desses desenhos inicia e encerra com duas vistas de Barcelona a partir de um barco, pelo que Monteys sugere estarmos perante uma viagem sem princípio nem fim: um panorama, instrumento tão recorrente em Le Corbusier. A partir desta ideia montou-se uma instalação para experimentar esta estrutura em grande escala no claustro do Mosteiro da Serra do Pilar, tirando partido da sua conformação circular e da coincidência do número de intercolúnios com o número de páginas a reproduzir em grande formato. Recorreu-se a quase 1 000m lineares de cabos brancos, recordando o universal jogo “cama de gato”, que todos jogámos em crianças. Estes cabos configuram, em planta, uma estrela falsa, formada por 12 triângulos a partir da geometria oferecida pelas colunas e pelos pináculos. Lançados da cobertura, os cabos cosem uma esbelta barra de alumínio, formando uma circunferência concêntrica, que suspende os desenhos aumentados à altura do olhar, para ser vistos desde o interior. A estrutura foi aferida de tal modo que a catenária dos cabos não fosse afetada, compensando a gravidade e outorgando uma sensação de leveza. Após a aula, os desenhos foram recolhidos, permanecendo os cabos. Esta estrutura linear, vestígio e memória do evento, ganha então uma nova vida, uma nova amplitude e universalidade. É expressão de um rito.
Do ambulatório do claustro, passamos para um espaço com uma cobertura apenas sugerida pelos cabos – um umbral, transição entre exterior coberto e exterior descoberto – até finalmente atingir o céu aberto. Prolonga-se a gradação característica da estrutura tipológica claustral e expande-se centripetamente a sua geometria, a estrutura profunda da sua forma.