O espaço público como desenho

A par das intervenções de reabilitação do espaço público dos centros históricos, as obras de desenho de arranjos exteriores que caracterizam a Prática têm sido, nos últimos anos, o palco por excelência do investimento público em intervenções no espaço coletivo. Têm, também, registado o maior número de encomendas através de concurso público, abrindo aos arquitetos novas oportunidades de pensar e desenhar a cidade a partir do “vazio”, do “negativo”, do “espaço entre” e, nesse sentido, alargando o espectro da sua prática profissional corrente.

São obras de inovação e experimentação formal enquanto instrumento de caracterização do lugar, exercícios de funcionalidade e espontaneidade na criação de novas topografias e cenografias ambientais. Aqui se inclui o desenho de parques urbanos e intervenções em Park, no Kuwait, de Ricardo Camacho e Sara Machado; a Requalificação Paisagística da Pedreira do Campo, em Santa Maria nos Açores, dos M-Arquitectos; o Complexo Ambiental da Lagoa das Sete Cidades, em São Miguel nos Açores, de Eduardo Souto de Moura e Adriano Pimenta; e os Passadiços do Paiva, em Arouca, de Nuno Martins Melo. Sinal de um renovado interesse pelo acesso e usufruto do elemento água, surgem as requalificações de margens fluviais e marítimas do Domínio Público, como a Frente Ribeirinha de Alcácer do Sal dos Promontório; a Frente Ribeirinha de Lagos de António Leitão Barbosa; o Passeio Ribeirinho do Seixal do Atelier Risco; as Margens do Rio Avelames, em Vila Pouca de Aguiar, de Luís Rebelo de Andrade; e a Requalificação Urbanística da Baía de São Lourenço, em Santa Maria nos Açores, dos M-Arquitectos. Ainda neste contexto, integram este conjunto as novas áreas de apoio ribeirinhas que promovem uma aproximação e interação com o contexto natural, domesticando esse diálogo, como o Terminal Niang’Ou, no Tibete, dos Embaixada Arquitectura com ZAO/standardarchitecture; o Cais de Bagaúste, em Lamego, de António Belém Lima; e a Estação de Canoagem de Alvega, em Abrantes, do Ateliermob.

A categoria Prática abrange, também, intervenções de regeneração urbana e de desenho de espaços exteriores, de certo modo, mais “clássicas”, tais como a Requalificação do Largo de Santos e Av. 24 Julho, em Lisboa, de 92 Arquitectos com Victor Beiramar Diniz; a Requalificação da Alameda das Linhas de Torres, em Lisboa, dos BBarquitectos; a Envolvente do Mercado Municipal de Miranda do Corvo, do Atelier do Corvo; a Praça Fonte Nova, em Lisboa, de José Adrião; e Gridgrounds, em Amesterdão, dos Openfabric com Dmau. Obras que, simultaneamente, reclamam o uso do espaço público para o peão e para as novas formas de mobilidade leve, que propõem e desenham novas formas de estar e de atuar no exterior, e que trabalham o “verde” como matéria de projeto, manipulando-o e integrando-o na construção das novas paisagens urbanas.